
E então era 2002 e eu chegava em casa um tanto bêbado de whisky barato de noites estranhas em festas que não me diziam nada. Colocava pra tocar Vincent Gallo e escrevia quase compulsivamente sobre solidão, sobre música, sobre amores sexo e outros. Lia Clarice Lispector e cantava I'm always sad when I'm lonely / It could be so nice / So nice / So nice. Vincent Gallo me salvou muitas vezes. Também fiquei fã dos filmes dele, o Buffalo 66 (1998) com sua edicão inesperada e fotografia quase lomográfica, e depois as compulsões todas do Brown Bunny (2003), uma das fitas mais lindas que já vi, em que as putas de beira de estrada têm nomes de flores.
Vincent Gallo me mostrou o que é música minimalista, me fez ir atrás de jazz e viajar até o Rio num Tim Festival só pra vê-lo. Não tinha mais que cem pessoas naquele show e a chatice do som dos Strokes vazava pro palco onde O HOMEM tocava. Gallo estava ali, na minha frente, com a mesma intimidade com que dividíamos o whisky, as cigarrilhas e a solidão. Os anos contaram os dias no calendário e a solidão se transformou, mas When continua inigualável e intocável. Só ele consegue entregar ao ouvinte um coração por faixa. Laura / Come back.
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Estilo: minimalist / experimental jazz
2 comentários:
Esse é um album totalmente Crimsoniano. Quem já ouviu King Crimson sabe do que eu tô falando.
No mais, puta album delicioso de se ouvir.
Obrigado.
Adoro esse álbum e adoro a forma como você escreveu sobre.
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